Rádio Jovem Pan
Em entrevista ao programa 3 em 1, o presidente Temer afirmou que o Estado do Rio de Janeiro necessitava de uma intervenção civil, conforme previsto na Constituição. O objetivo do decreto, segundo Temer, é garantir maior administração às Forças Armadas, apesar de o estado já estar com a GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
“Quando resolvemos fazer a intervenção foi para dar administração da Segurança Pública e do Setor Penitenciário ao interventor. O governador Pezão veio aqui e pediu para decretar a intervenção. Ao longo do tempo tenho chamado de intervenção cooperativa”, destacou Temer.
O presidente salientou ainda que o objetivo é conectar o combate à criminalidade com programas de natureza social. “Na reunião que fizemos no Rio de Janeiro, eu disse que essa era uma tarefa conjunta que cabe a todos (…) Falei para eles que se as coisas desandarem no Rio de Janeiro será um exemplo muito negativo para os demais estados da Federação. Não fiquei apenas na Intervenção e criei o Ministério Extraordinário da Segurança Pública para coordenar e fazer a integração de toda Segurança Pública em território nacional”, declarou.
Temer ressaltou ainda que neste momento o País precisa de “ordem”, visto que este é o lema de seu governo e da Bandeira. “Ordem significa cumprir rigorosamente a Lei e combater a criminalidade”, completou.
Exagero de FHC
Questionado sobre uma declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que “governo fraco recorre aos militares”, Temer afirmou que houve um exagero de linguagem, uma vez que o tucano possui grande apreço pelas Forças Armadas. “Acompanhei e ajudei muito o governo Fernando Henrique, como líder do PMDB e presidente da Câmara, e tenho impressão de que ele tenha se pautado por um critério dele. Pode ser que num dado momento o governo dele tenha se enfraquecido e pensado nas Forças Armadas”, disse.
“Precisamos acabar com esse preconceito que existe contra as Forças Armadas”, completou.
Previdência não foi sepultada
Já em relação a reforma da Previdência, o presidente da República salientou que a reforma da Previdência foi retirada momentaneamente da pauta legislativa, mas não saiu da pauta politica do País. “Se não fizer neste ano, seguramente o próximo governo vai ter que fazer (…) No ano que vem a previsão é de déficit de R$ 330 bilhões de reais. Ou seja, num dado momento quem vai sofrer é o aposentado e o servidor público que não vai receber a aposentadoria”, destacou.
Temer disse ainda que pode cessar a intervenção e aprovar a proposta. “Se até setembro a intervenção já estiver produzido todos seus efeitos necessários, eu ainda posso fazer cessar o decreto e aprovar a Previdência entre outubro, novembro e dezembro”, finalizou.
Militares não precisam entrar na política, mas ajudar na administração¹
O presidente Michel Temer defendeu nesta quarta-feira, 28, em entrevista à rádio Jovem Pan, a intervenção federal na segurança pública do Rio e a nomeação de um militar, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, para o cargo de ministro da Defesa após a posse de Raul Jungmann na nova pasta da Segurança Pública.
O presidente disse ainda que o general está como ministro interino e um civil pode ser nomeado definitivamente para o cargo na reforma ministerial. “Em um dado momento, quanto fizer modificações ministeriais, eu analisarei a possibilidade de colocar também um civil no cargo”, afirmou Temer.
Ele afirmou que é preciso acabar com o “preconceito” de colocar militares em funções administrativas do governo e que militares “se recolheram” excessivamente nos últimos tempos. “Precisamos acabar com esse preconceito. Eu já disse a oficiais militares que eles não precisam entrar na política, mas ajudar na administração é uma coisa importantíssima.”
Ele citou que as Forças Armadas ocupam o primeiro lugar em pesquisas sobre credibilidade da população e disse que não há qualquer desejo entre os militares de as Forças ocuparem o poder no País.
Intervenção
Temer afirmou que a intenção do governo é conectar a intervenção no Rio com programas sociais. Ele lembrou que terá uma reunião amanhã com todos os governadores para falar do assunto. “As coisas que acontecem no Rio repercutem nos outros Estados. Se as coisas desandarem no Rio de Janeiro, será um exemplo muito negativo para os demais Estados da Federação.”
Para o presidente, apenas a presença das Forças Armadas no Rio, antes da intervenção, não era suficiente para resolver problemas. Ele citou que, quando conversou com o governador Luiz Fernando Pezão (MDB), ele mesmo pediu que a medida fosse aplicada em seu Estado.
Motivações
Temer negou, mais uma vez, que a intervenção no Rio tenha caráter eleitoral. Respondendo a um comentário do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Temer afirmou que o tucano não estava se referindo ao atual governo quando falou que “governos, quando não são fortes, apelam para os militares.” FHC fez a declaração ontem durante evento do jornal O Estado de S.Paulo.
"Acho que foi um exagero da linguagem”, disse Temer. “Tenho impressão que o presidente FHC se pautou por um critério dele. Pode ser que em dado momento o governo dele tenha se enfraquecido e que ele tenha pensado nas Forças Armadas.”
Uso eleitoral
O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, reconheceu que “é inexorável o uso eleitoral da pasta”. Avisou, no entanto, que vai trabalhar para evitar que isso aconteça, blindando o ministério. “É inexorável o uso eleitoral da pasta. O que nos cabe é blindar esse ministério porque é um ministério de Estado. Blindar de pressão, de pressão política, procurar blindar de interesses porque o reverso da segurança é a vida, direito à segurança é direito à vida, é poder sair na rua, andar nas praças”, desabafou o ministro.
Temer garante que ministro da Defesa não será militar²
Michel Temer garantiu agora há pouco a um interlocutor com quem conversava no Palácio do Planalto que o próximo ministro da Defesa será um civil.
A decisão vem um dia após uma forte crítica de Fernando Henrique, que declarou que "governos, sobretudo quando não são fortes, apelam para os militares".
Temer afirmou que o nome para ocupar a pasta será decidido em até 15 dias. Assim, General Silva e Luna, tido por muitos como o nome definitivo para a Defesa, será substituído.
86% dos brasileiros apoiam a intervenção federal
De acordo com uma pesquisa do Ibope, encomendada pelo Palácio do Planalto, 86% dos brasileiros apoiam a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. O governo recebeu este resultado anteontem. A pesquisa tem margem de erro de quatro pontos percentuais. No dia em que a intervenção foi anunciada, 16 de fevereiro, o Ibope realizou sua primeira pesquisa sobre o tema. Na ocasião, o apoio à medida era de 83%.
De volta ao palco³
Michel Temer tem um problema. Deixou generais na ativa falarem o que queriam às vésperas da passagem para a reserva, e num momento em que um ex-capitão, Jair Bolsonaro, é candidato à Presidência da República com discurso incendiário. O general Hamilton Mourão foi para a casa ontem pregando o “expurgo” do atual presidente da vida pública. Já havia perdido o comando da tropa e fora deslocado para uma mesa no Ministério do Exército quando, em dezembro, sugeriu um golpe militar.
Agora, há uma intervenção constitucional na área de Segurança no Rio, e proliferam manifestações sobre o papel das Forças Armadas. Nos últimos 20 anos nem se conheciam os nomes dos comandantes militares. Temer os realocou no primeiro plano das fotografias, imagens de televisão e capas de jornais. Só falta a “Ordem do Dia” voltar a ser leitura obrigatória.
¹com IstoÉ, ²Lauro Jardim e ³Lydia Medeiros – O Globo